Uma
breve história de Baixa Grande
A construção da capela que
deu origem à cidade de Baixa Grande é atribuída a d. Ana Ribeiro Soares, mais
conhecida como “Donana”. Ela era filha do sr. João de Macedo Peixoto e de d.
Ana Clara de Jesus Oliveira. Estima-se que “Donana” tenha nascido cerca de 1790
e falecido no ano de 1860. Ela foi casada em primeiras núpcias com José Ribeiro Soares, nascido cerca de 1790,
segundo tradição oral natural do Piauí, e falecido em emboscada ao retornar de
sua Fazenda Camuciatá para sua residência, na Fazenda Muquém, na antiga
freguesia do Camisão, aos 15.09.1828, mas que documentos trazidos à luz por
FONSECA apontam que em 1832 ainda estaria vivo (FONSECA, 2012, p. 1339, nota
189). “Donana” casou-se, pela 2ª vez, com Alexandre de Souza Santos, passando a
adotar o nome Ana de Souza Santos, de quem herdou a Fazenda Cais (FONSECA,
2012, pp. 993, 1252). Reza a tradição oral, que em todos os anos, no mês
de setembro, Dona Ana ia visitar e cumprir promessa à capela de Nossa Senhora
das Dores, em Monte
Alegre, atual cidade de Mairi. Ainda, segundo a tradição
oral, no ano de 1856, de volta à sua Fazenda Cais, “Donana” se sentindo cansada
e velha, fez pouso em uma “baixa grande”. Ela rogou ao seu filho Manoel Ribeiro
Soares que elevasse ali, uma capela em devoção a Nossa Senhora das Dores.
Ainda, em vida de d. Ana, a capela foi consagrada a Nossa Senhora da Conceição.
D.
Ana Ribeiro Soares-sem data
Acervo:Zenóbia
B. M. de P. Gomes
Segundo Jorge Ricardo
Almeida Fonseca (2009, p.2) para se falar de Baixa Grande, se faz
indispensável, falar-se de Camisão, atual Ipirá.
“Sant’Ana
do Camisão foi elevada à categoria de Freguesia no ano de 1753. O município de
Camisão foi criado, com território desmembrado parte de Feira de Santana e
parte de Jacobina, sob a designação de Vila de Sant’Ana do Camisão, pela
Resolução Provincial nº 520, de 20 de abril de 1855, composto pelos territórios
das Freguesias de Sant’Ana do Camisão, Nossa Senhora do Rosário do Orobó, (hoje
Itaberaba) e Nossa Senhora das Dores de Monte Alegre (hoje Mairi). Sua
instalação deu-se em 03.03.1856. Foi elevada à categoria de cidade ainda com o
nome de Camisão, pela Lei Estadual nº 144, de 08.08.1896, sendo o nome Ipirá
instituído apenas em 1931, pelo Decreto Estadual 7.526 de 20.07.1931”
Segundo FONSECA, a história
de Baixa Grande, considerada como célula territorial, inicia-se em 1872, quando pela Lei
Provincial nº 1195, o arraial foi elevado a freguesia com a invocação a Nossa
Senhora da Conceição: Freguesia de Nossa
Senhora da Conceição da Baixa Grande.
Baseado em fontes primárias,
FONSECA, afirma que o município de Baixa Grande foi criado, com desmembramento
do território de Sant’Ana do Camisão, pela Resolução Provincial nº 2.502 de
17.07.1885, assinada pelo presidente da Província da Bahia, dr. José Luíz de
Almeida Couto.
Em 1885 foi criado o
município de Baixa Grande, sob o aspecto judiciário. O termo de Baixa Grande
estava sob jurisdição da Comarca de Camisão, vinculando-se em 1898 à de
Itaberaba, e retornando, em
1904, à Comarca de Camisão.
O município de Baixa Grande
foi extinto pela Lei Estadual de nº 640, de 12.05.1906, sancionada pelo governador José Marcelino de
Souza, tendo a sua sede transferida para a povoação de Santa Luzia do Lajedo, conferindo-se ao município o nome de
Capivary, hoje Macajuba, que foi instalado aos 02.07.1906.
Em 28.07.1910, foi
promulgada a restauração do município de Baixa Grande, com novos limites e
extensão, pela Lei Estadual nº 806,
na administração do governador dr. João Ferreira de Araújo Pinho. O território de Baixa Grande
foi desanexado de Capivary, que manteve a condição de outro município. Apesar de o município de Baixa Grande ter sido restaurado em 1910, FONSECA afirma que
ele só foi instalado em 01.01.1912,
tendo como prefeito Victor Carneiro da Silva que exerceu o mandato até 1916.
O Decreto Estadual nº 7.455
de 23.06.1931, extinguiu o município de Capivary, que houvera sido criado em
1906, anexando-o ao de Baixa Grande, sendo em poucos dias depois restaurado
pelo Decreto Estadual nº 7479 de 08.07.1931. O dito Decreto Estadual nº 7.479
de 08.07.1931, tornou a extinguir o município de Baixa Grande, sendo anexado ao
município de Monte Alegre (hoje Mairi) e criando-se a sub-prefeitura de Baixa
Grande.
Em 31.05.1933, pelo Decreto
Estadual nº 8.453, o município de Baixa Grande, mais uma vez, foi restaurado e o seu
território desmembrado de Monte Alegre. A sua reinstalação só ocorreu dois
meses depois em 23.07.1933, composto apenas por seu distrito sede. Por força do
Decreto-lei Estadual nº 10.724,
de 30.03.1938, o município de Baixa Grande foi elevado à categoria de
cidade.
Acervo: Zenóbia B.
Mascarenhas de P. Gomes
Acervo: Zenóbia Brito Mascarenhas de
Paula Gomes
Prosseguindo à história do município de
Baixa Grande, FONSECA (2009, p. 4-5) afirma que:
“em
fins de 1943 pelo Decreto-Lei Estadual nº 141 de 31.12.1943 foi o município de
Capivary extinto, tornando seu território distrito do município de Baixa Grande
ao qual foi anexado com a designação de Macajuba.
Assim, o município de Baixa Grande que, até então, era constituído por um único
distrito (a sede), passou a ser composto por dois distritos: Baixa Grande e
Macajuba. Mas, tal situação, perdurou por apenas seis meses, pois mediante
Decreto Estadual nº 12.978 de 01.06.1944, o município de Macajuba foi
restaurado, unicamente formado por seu distrito sede. Todavia, com seu termo
vinculado sob o aspecto judicial à comarca de Mundo Novo.”
Atualmente, Baixa Grande possui uma área
territorial de 947 Km² e população estimada em 20.069 habitantes (IBGE 2010). A
economia do município é voltada para as atividades de pecuária extensiva e
agricultura, destacando-se o rebanho bovino e a agricultura de sequeiro (milho
e feijão). Os produtos e
matérias-primas oriundos dessas atividades são destinados ao consumo local ou
regional. Apesar da predominância do setor primário, o setor terciário é o que
mais contribui para o PIB do município, seguido do secundário.
O clima característico da
região é o semiárido, onde se registram reduzidas quantidades de chuvas durante
todo o ano e a evaporação é intensa, sendo que, as precipitações situam-se
entre 600 e 900 mm
anuais concentradas no verão, final do outono e começo do inverno. As
temperaturas situam-se entre 18° C, no inverno e 35° C, no verão, sendo que, a
média observada durante o ano é em torno de 23° C. Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição –
Pça.J.J.Seabra – Baixa Grande – BA-BR-
2005
Acervo:
Zenóbia Brito Mascarenhas de Paula Gomes
A
vegetação do município de Baixa Grande é composta por árvores que restaram da
floresta e pela caatinga onde se encontra várias espécies de plantas como a
peroba rosa, o umbuzeiro, o pau d’arco, e de cactos de diversas classificações.
A
única bacia hidrográfica que nasce no município de Baixa Grande é a do Riacho
da Vitória que nasce a 5 km ao noroeste da sede do município, na localidade
chamada Morro Pelado. Em seu percurso passa pela zona urbana de Baixa Grande e
percorre na direção noroeste, sudeste–sul, até o setor nordeste do município de
Macajuba, onde deságua no
Rio Paulista.
Da
sua nascente até a sua desembocadura no rio Paulista, percorre uma distância de
41 km. Nasce a uma altitude de 400m
e a sua foz está a uma altitude de 280m.
O
município de Baixa Grande está situado na mesorregião Centro Norte Baiano, na
microrregião geográfica de Itaberaba, e está inserida no território de
identidade da Bacia do Jacuípe.
FIGURA 1 – Localização do município de Baixa Grande, 2012
R E F E R Ê N C I A S
Diagnóstico
Geoambiental em Ambiente Semiárido com Suporte da Análise Morfométrica da Bacia
hidrográfica do Riacho da Vitória – Baixa Grande – Bahia – Brasil . Monografia
(Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao PROESP da Universidade do Estado
da Bahia, em cumprimento às exigências para obtenção da graduação de
Licenciatura em Geografia. Irecê – Bahia, 2012.
BORGES, João da Silva;
PAMPONET, Washington Miranda; SANTOS, Luiz
Carlos Sousa; SODRÉ, Luiz Sérgio Miranda
FONSECA, Jorge Ricardo
Almeida, Encarte Inédito.BAIXA GRANDE –
ECLÉSIASTICA, ADMINISTRATIVA E JUDICIÁRIA. Salvador – BA, 2009.
FONSECA, Jorge Ricardo
Almeida, Depois que atravessaram o mar:
família Castro e grupos afins (1568-1750-2011) 1. ed. – Salvador : Ed. do
Autor, 2012.
GOMES, Zenóbia Brito
Mascarenhas de Paula, Fotos da cidade de
Baixa Grande, acervo particular.
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